Saúde mental e os desafios enfrentados pelos discentes de Pós-Graduação em Ciência da Informação no Brasil
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Objetivou-se realizar um diagnóstico da saúde mental dos discentes em andamento (não egressos) dos programas acadêmicos de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Brasil, compreendendo o impacto das normativas da CAPES nessa realidade. Trata-se de uma pesquisa de natureza quali-quantitativa, do tipo descritiva e exploratória, tendo como escopo os métodos Pesquisa Documental e Estudo de Caso. A Pesquisa Documental se aplicou na análise do Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020. No Estudo de Caso enviou-se um questionário aos programas de pós-graduação e aos grupos de discentes participantes desses programas, expostos nas redes sociais. Percebeu-se que os discentes apresentam sentimentos e comportamentos que se enquadram no conceito de ansiedade, estresse e depressão. Os resultados mostraram que a maior parte dos discentes ingressos nos programas participantes da pesquisa fazem uso de medicamentos psiquiátricos. Destaca-se que os alunos sabem que podem ir muito além em suas pesquisas, porém, devido aos seus prazos e à alta necessidade de produção, essa realidade nem sempre é possÃvel, o que causa frustração. Conclui-se que a estrutura da pós-graduação é um ambiente propÃcio ao desenvolvimento de doenças mentais, uma vez que é baseada na competição entre os discentes de mestrado e doutorado. Essa competição gera inseguranças, nervosismos e como, consequência, os discentes passam a focar mais na quantidade, ao invés da qualidade das pesquisas cientÃficas. Portanto, defende-se que o contexto de pesquisa cientÃfica deve ser pautado em uma cultura colaborativa, a fim de que os discentes construam conhecimento juntos e formem redes de aprendizagem.
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